terça-feira, 28 de janeiro de 2014

mais, ou melhor ?

De vez em quando me flagro pensando em Antoine de Saint-Exupéry e, mais especificamente, em uma de suas falas. Ele dizia que do primeiro amor se gosta mais, mas que dos outros se gosta melhor.
Foi mesmo com meu primeiro amor que vi a vida em caixa alta. Não adiantavam conselhos do tipo ‘nem tanto ao mar, nem tanto a terra’, tudo era extremo. Tudo era maiúsculo.
É fato, ama-se hiperdimensionadamente da primeira vez.
Mais.

Mas no fundo, éramos apaixonados mais do que por nós mesmos, pelo amor.
Éramos devorados por aquela tempestade furiosa e, paradoxalmente,  límpida. Sentíamos o desejo sendo talhado em nosso intimo, oscilando entre palpitação e volúpia, tempo de descobertas. Tempo de deixar de lado os dez mandamentos. Tempo do bom pecado.

Aí a gente cresce, e vêm outros amores. Somos impelidos a descobrir o outro, e o amor já não é só ímpeto, é delicadeza também. É construção serena, requer tempo, é incrível, e frágil. Gosta-se então, com mais delicadeza, abraçam-se outras formas de felicidade. O amor quer ser fluxo contínuo, quer ser de todos os caracteres.
Peca-se com mais apreço.
Melhor.

Solange Maia

3 comentários:

  1. incrível teu jeito de escrever. SUPIMPA!

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  2. Tu forma de expresarte es superadora...me provoca una vibra difícil de transmitir....de vez en cuando la vida nos besa en la boca.....Ya no tengo dudas. Sos Vos. Te abrazo !!!

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  3. Não sei expressar o quanto concordo! A paixão, ou o amor jovem, é incêndio! Arrasa, queima, consome... faz gritar. O amor mais maduro aquece, acolhe... faz ficar.

    Brilhante, Solange.

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