segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
...uma família Doriana ?
Não, não foi ela.
Não foi minha mãe que me apresentou
ao tão hermético conceito de família perfeita. Nem tampouco meu pai.
Todos sorriem, amam acima de
todas as coisas, são bonitos, e muito bem sucedidos, seja em que idade for.
Talvez seja um estereótipo do
nosso tempo, fruto dessa cultura condicionada e dirigida em que vivemos.
Não sei.
O que sei é que mesmo não gostando
de nada muito conservador, ainda assim me flagrei algumas (não tão poucas)
vezes sentindo uma espécie de mal estar diante de tão perfeita tradução da
felicidade. Confesso que investi tempo tentando entender como eles conseguem.
Um sofrimento forjado pelo
mito da família perfeita.
A minha não é assim.
Uma família basicamente só de
mulheres, e todas cresceram de véspera. Com personalidades fortes e bem definidas.
Mulheres que falam, defendem, hasteiam bandeiras... nem minha filha de nove
anos escapa. É ela quem chama o garçom e pede a conta.
Somos mulheres, a despeito
dos homens.
A duras penas aprendemos como
queremos ser amadas. Longe de sermos o retrato do vazio.
Feitas de uma imperfeição onde
tudo é verdade, ainda que a verdade não seja uma das maneiras mais fáceis de
lidar com o mundo.
Uma família obrigada a lidar tão
cedo com a realidade.
Sabemos compor nossos medos, transformar
nossos fracassos, e, sobretudo reconhecer a quilômetros um gesto de
generosidade.
Herdamos coragem. De sobra. E
isso sim nos foi apresentado por mamãe e por papai.
Nutro imenso respeito por
essa desordem.
É. Somos deliciosamente orgânicos.
E, claro, não precisamos da família
Doriana.
para minha irmã, Luciana Maia, com amor.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Mais um texto brutal. Comecei 2014 lendo muito bem.
ResponderExcluir