segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
sem anestesia...
para minha prima Fernanda, com amor...
O problema
não é a dor.
O que machuca
é não achar sentido para tanta coisa.
É que
algumas memórias nos atiram mesmo pra fora da estrada. Muita vida
passou, e de vez em quando o ar ainda parece inconstante e rarefeito.
Seria
ingenuidade acreditar que permaneceríamos impunes.
A gente
vai crescendo e percebe quanta tolice havia em nossos desejos de querer
construir mundos que durassem para sempre. Não duram. Os mundos não.
A gente
dura.
Porque a despeito de tudo a vida nos
invade com toda sua intensidade, por mais que tentemos nos esconder sob as
cobertas, às vezes. E graças a Deus. Porque
só assim temos certeza que lá dentro, em algum canto, a gente ainda preserva
aquela menina que comia no prato colorido da casa da Avó e que tinha tantas
certezas e tantos sentimentos.
Os sabores são outros, eu sei. As sensações
também.
Mas a menina de cada uma ainda é a
mesma.
Eu sei que é.
Algumas coisas não serão
nunca, nunca compreendidas.
E talvez isso nem tenha mais importância.
Muita coisa
ganhou novo significado.
Perdemos
algumas certezas, ganhamos outras...
O tempo
passou sim, sem anestesia.
Mas aprendi
que alguns desencantos se curam mesmo é no abraço.
Abro então,
Nana, e imensamente, meus braços pra você...
Vem.
Solange Maia
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Como é bom voltar! É sempre muito bom voltar e encontrar palavras tão lindas. Versos que são abraços e letras que arrepiam a derme.
ResponderExcluirUm acalento, um afago na alma...
Lindo demais, Sol!!
Parece que foi pra mim. rs...
Beijos
" La felicidad está dentro de uno , no al lado de alguien " John Lennon. Abrazo , abrazos y más abrazos
ResponderExcluirLindo, intenso texto! Sem mais palavras.
ResponderExcluir"Os mundos não.
ResponderExcluirA gente dura".
Sol,
A gente dura porque a nossa alma foi tecida com fios de delicadeza. E, para além das intempéries da vida há essa criança interior, que não se deixa abater e renasce das cinzas, como a fênix, todos os dias. A gente dura, Sol, mesmo que os dias, às vezes, se deixem sequestrar pela tristeza líquida do nosso olhar... É que para além das lágrimas existe uma obstinação férrea que nos define: uma alma guerreira que não se entrega e não se deixa vencer... Tampouco perde a ternura. Obrigada, Sol, com você eu sempre aprendo a tornar os meus dias mais leves e bonitos.