terça-feira, 4 de novembro de 2014

nem queria te contar...

Tenho te amado em silêncio também.
Verdade. Às vezes te amo assim, sem precisar te contar.
Te amo quando flagro aquele instante sutil em que morde o lábio inferior e sorri ao mesmo tempo, quando põe as duas mãos envolta do meu rosto, me olha demoradamente e só depois me beija, quando escova o cabelo, primeiro com a escova e depois com as mãos, quando fala todo empolgado sobre ferver durante sete dias e sete noites as folhas venenosas que farão a maniçoba. Te amo quando me conta que todos os dias beija o teu pai, quando leva semanas pensando num presente bem legal pra tua menina, quando funde todas as nossas músicas num único pendrive, e diz todo bobo que gosta mais das minhas, amo também quando me pede para levá-lo conosco seja onde for. Te amo quando me conta que deixou de ganhar a corrida mais importante da tua infância só para não atropelar uma menina, quando fala palavrões pra aumentar a força das suas exclamações, quando deitados recua o corpo pra me ver melhor, quando sorri de olhos fechados diante das minhas ‘experiências sensoriais’. Te amo todas as vezes que sussurra em meu ouvido “foi a primeira vez que fiz isso na vida”, e quando, em contrapartida, cheio de soberba se diz o melhor cara no teu negócio,  e depois ri. Te amo quando dormindo me puxa pra mais perto de ti, e quando põe uma camiseta qualquer em cima da luzinha da tv a cabo, só pra deixar o escuro ainda mais escuro. Te amo quando me conta dos teus quadrados, quando sorri ao ouvir minhas bobagens, e quando cuida dos meus 'medinhos' que nasceram depois que me apaixonei. Te amo quando descobre que agora sinto ciúmes, e sorri porque eu disse toda adulta que nem sabia o que era isso, e quando pede desculpas por me interromper, sendo que o faço vezes sem fim. Te amo quando me conta que gosta de comédias românticas, de Carpinejar, do meu bolo de chocolate, e, na verdade, de qualquer coisa doce, e qualquer bolo de chocolate, mas que não gosta de Ana Carolina, nem de pimentão. Te amo quando quer saber se fica mais bonito com gel ou sem gel, com barba ou sem barba, quando faz perguntas, muitas, quando procura respostas, quando encanta-se com frases, com palavras, e com silêncios. E, toda vez que você sorri, te amo ainda mais.
Não. Talvez eu não tenha te contado, talvez eu nem queira te contar, mas sei que você sabe... 
É que o meu silêncio 'guarda' a tua presença o tempo todo.
Mas o meu olhar não.

Solange Maia

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