quarta-feira, 20 de abril de 2016

construindo uma saudade...

Olho para o meu antebraço e ele não é mais uma ponte.
É só um antebraço, e sinto uma saudade imensa.
Quando éramos pequenas, antes de dormir, já deitadas, esticávamos nossos braços até a cama uma da outra, e com eles fazíamos uma ponte que ligava a sua cidade à minha. Ali ficávamos até dormir, criando personagens cheios de histórias, que iam e vinham atravessando sobre o rio. Eles não tinham corpos, eram só ‘perninhas’  feitas com nossos dedos, e passeavam por aquele espaço onde tudo podia existir. O sono vinha sem teimosia, porque além de ponte, aquilo era carinho. Era delicadeza. Uma cócega. E isso era quase mais legal que os personagens passeando pela ponte.

Minha filha, deitada quietinha ao meu lado, me faz sentir saudade daquelas noites antigas.
Nem penso.
Estendo o braço e pouso sobre a barriga dela, com a outra mão faço ‘perninhas’ e começo a caminhar.
Os olhos dela brilham.
Para crianças não é preciso muita explicação.
Ela também faz ‘perninhas’, e, sorrindo pra mim, me lembra que somos capazes de fazer uma ponte em 10 segundos.
Sei que construí ali, mais uma saudade para sentir amanhã.

Solange Maia

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